Na última vez que abandonou uma corrida, Sebastian Vettel sequer havia sido campeão, e até então era o piloto com as menores chances de título. Esse era o retrato panorâmico de quando sofreu a quebra do motor Renault na Coreia em 2010.
Marcando pontos em todas as provas do ano, o atual bicampeão teve um problema na roda, que fez com que o pneu saísse do aro ainda na segunda curva da corrida, cessando a invencibilidade dele em Yas Marina, e com isso perdeu a chance de igualar o recorde de Michael Schumacher de vitórias numa mesma temporada.
"Por sorte", o azar somente veio a atormentar a vida de Vettel nesta temporada justamente após a vinda do segundo caneco, o que é um alento tanto para ele quanto para a Red Bull, que perderam o título de 2009 por conta da falta de fortuna, e por muito pouco deixaram escapar a taça em 2010.
O problema no carro ao "alemãozinho" abriu as portas para um pequeno suspense na briga pela vitória, com Hamilton à frente, seguido de Alonso, que fez uma grande largada e já salivava a possibilidade de repetir Silverstone, a única vitória do espanhol na temporada.
Entretanto, Hamilton estava bastante seguro, não deixando que a diferença entre ambos fosse inferior a um segundo e meio, e só perderia no caso de algum erro cometido por ele, ou pela McLaren.
Ao chamar Hamilton para os boxes na quadragésima volta para o último pit stop, com consequente colocação dos pneus prime, a McLaren permitiu que Fernando Alonso pudesse, com a estratégia de retardar ao máximo a pasada, roubasse a ponta do britânico, situação que só não ocorreu porque o espanhol perdeu muito tempo na entrada do pitlane, quando tinha pela frente a HRT de Ricciardo, e porque a Ferrari fez questão de errar mais uma troca de pneus, o que fez o campeão de 2005 e 2006 retornar atrás do campeão de 2008.
Ainda que voltasse à frente, certamente Alonso não teria condições de segurar Hamilton por muito tempo, já que o desempenho da Ferrari com os pneus de composto médio estava bem -inferior ao andamento da McLaren, e a diferença de quase nove segundos ao final da prova evidencia esse fato.
Entre os demais, Jenson Button fez uma corrida discreta, ao contrário do que fez nas últimas etapas, e conseguiu salvar um pódio mesmo tendo problemas no início da prova, deixando-o na alça de mira de Mark Webber, que não soube aproveitar a oportunidade.
Webber, aliás, parecia padecer do mesmo problema de Hamilton em Monza: uma sétima marcha muito curta, o que fazia com que o motor batesse no limitador de giros antes do final da reta, e não o deixava tirar vantagem do DRS para passar Button e Massa. O australiano ainda contou com uma estratégia equivocada da Red Bull, que o fez perder a terceira colocação para o campeão de 2009, deixando o time austríaco pela primeira vez na temporada fora do pódio.
Já Felipe Massa correu na toada dele, sempre aquém de Fernando Alonso. O brasileiro teve oportunidade para abiscoitar o primeiro pódio da temporada, mas simplesmente não foi rápido o suficiente, tendo de se contentar com um quinto lugar, repetindo o seu melhor resultado do ano, que também quase lhe escapa entre os dedos quando rodou sozinho na volta 49, e por um triz não é superado por Rosberg.
Destaque também para a corrida da Force India, que confirmou o grande desempenho na qualificação e pontuou com seus dois carros, e praticamente se garante como a sexta força entre as equipes.
A Sauber também fez grande prova, já que seus dois pilotos tiveram de parar muito cedo, Pérez na primeira volta para trocar o bico, e Kobayashi na quinta, mas mesmo assim terminaram, respectivamente, em 11º e em 10º, valendo o ponto final para o japonês.
O pateta da vez foi, sem dúvida alguma, Pastor Maldonado, que foi punido com dois drive throughs por não respeitar a bandeira azul, demorando a dar passagens àqueles que o dobravam. Correndo o risco de ser desclassificado, em uma terceira oportunidade saiu da pista para permitir a passagem de Webber, que então brigava com Massa pelo quarto lugar.
Enquanto isso, Rubens Barrichello, colega de Maldonado na Williams, fez uma excepcional corrida, saindo da última fila para o 12º lugar, chegando a figurar, em certo estágio da prova, na zona de pontuação, o que demonstra que o veterano brasileiro ainda tem lenha para queimar caso seja acolhido em alguma outra equipe.
Bruno Senna, por outro lado, vem numa descendente desde que pontou em Monza, já que desde então não consegue nem mesmo chegar perto dos dez primeiros. Dessa vez, com uma estratégia absurda, parou da primeira volta para tirar os pneus prime e cumprir o regulamento, e não saiu do fundo do pelotão, chegando a ser punido por ignorar bandeiras azuis.
No mais, apesar da corrida ter sido um pouco mais animada do que as ultimas edições do GP de Abu Dhabi, considero que a fixação dos pontos de uso do DRS em duas retas, uma na sequência da outra foi um engano, já que os carros mais lentos acabavam por retomar a posição na segunda reta depois de serem ultrapassados na primeira, prologando de forma artificial uma briga, algo a qual sou contrário.
Essa foi a classificação final do GP de Abu Dhabi
1º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | 55 voltas em 1h37min11s886 |
2º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 8s457 |
3º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 25s881 |
4º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 35s784 |
5º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 50s578 |
6º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes GP | a 52s317 |
7º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes GP | a 1min15s964 |
8º | Adrian Sutil (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 1min17s122 |
9º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 1min41s087 |
10º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 1 volta |
11º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 1 volta |
12º | Rubens Barrichello (BRA) | Williams/Cosworth | a 1 volta |
13º | Vitaly Petrov (RUS) | Renault | a 1 volta |
14º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Cosworth | a 1 volta |
15º | Jaime Alguersuari (ESP) | Toro Rosso/Ferrari | a 1 volta |
16º | Bruno Senna (BRA) | Renault | a 1 volta |
17º | Heikki Kovalainen (FIN) | Lotus/Renault | a 1 volta |
18º | Jarno Trulli (ITA) | Lotus/Renault | a 2 voltas |
19º | Timo Glock (ALE) | Virgin/Cosworth | a 2 voltas |
20º | Vitantonio Liuzzi (ITA) | HRT/Cosworth | a 2 voltas |
A briga pelo vice campeonato fica bastante intensa, com a aproximação dos candidatos, já que Alonso esta a dez pontos de Button, o qual ainda é o grande favorito ao troféu de segundo lugar.
Com a vitória, Hamilton continua na briga, mas depende de uma combinação de resultados bastante improvável, já que está a 22 pontos atrás do seu colega de McLaren.
E finalmente Felipe Massa consegue ultrapassar a barreira dos 100 pontos na tabela. Restam agora apenas 38 para repetir a pontuação que teve em 2010.
1º | Sebastian Vettel | 374 |
2º | Jenson Button | 255 |
3º | Fernando Alonso | 245 |
4º | Mark Webber | 233 |
5º | Lewis Hamilton | 227 |
6º | Felipe Massa | 108 |
7º | Nico Rosberg | 83 |
8º | Michael Schumacher | 76 |
9º | Vitaly Petrov | 36 |
10º | Nick Heidfeld | 34 |
11º | Adrian Sutil | 34 |
12º | Kamui Kobayashi | 28 |
13º | Jaime Alguersuari | 26 |
14º | Paul di Resta | 23 |
15º | Sébastien Buemi | 15 |
16º | Sérgio Pérez | 14 |
17º | Rubens Barrichello | 4 |
18º | Bruno Senna | 2 |
19º | Pastor Maldonado | 1 |
Pontuando com seus dois carros, a Force India abre grande vantagem para a Sauber e Toro Rosso, e praticamente sedimentou a sexta posição no campeonato, o melhor resultado da história para o time de Vijay Mallya.
A briga pela sexta colocação entre os construtores, aliás, é a única briga que ainda resta de pé até o fim da temporada.
1º | Red Bull | 607 |
2º | McLaren | 482 |
3º | Ferrari | 353 |
4º | Mercedes GP | 159 |
5º | Renault | 72 |
6º | Force India | 57 |
7º | Sauber | 42 |
8º | Toro Rosso | 41 |
9º | Williams | 5 |
Daqui duas semanas a Fórmula 1 "volta a campo" para a disputa da última etapa do calendário de 2011, o GP do Brasil, em Interlagos, onde a Red Bull não perde há dois anos, com as vitórias de Webber em 2009 e de Vettel no ano passado.
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