Neste fim de semana, em Sepang, na Malásia, a GP2, principal categoria de base que leva jovens pilotos à Fórmula 1, deu início à temporada de 2012 com profundas modificações que devem tornar a disputa na pista muito mais interessante.
Com a abolição da deficitária GP2 Asia Series, a GP2 Series passa a ser um torneio de cunho mundial, englobando as antigas etapas que compunham a categoria asiática, como Malásia e Bahrein, as quais se juntam aos eventos da temporada europeia, isso sem contar a estreia do circuito de rua de Cingapura no calendário, totalizando doze rodadas duplas, sempre com a corrida mais longa, chamada de feature race, aos sábados, e a corrida curta, chamada de sprint race, aos domingos.
Houve, também, uma alteração na distribuição dos pontos, que passa a ser mais próxima àquilo que se vê na Fórmula 1. Na feature race, são dez aqueles que recebem os pontos, igual ao sistema utilizado da F1, com 25 pontos para o vencedor, 18 para o segundo colocado, e assim por diante. Na sprint race serão oito os que pontuarão, com 15 tentos para o vencedor, 12 para o segundo colocado, 10 para o terceiro, 8 para o quarto, 6 para o quinto, 4 para o sexto, dois para o sétimo e um para o oitavo. Além disso, o pole position, que antes ficava com dois pontos extras, agora terá quatro, e o autor da melhor volta em cada uma das corridas, desde termine entre os dez primeiros, terá dois pontos de bonificação.
A inversão do grid de largada para a sprint race entre os oito primeiros colocados da feature race, bem como o pit stop obrigatório com a troca de, pelo menos, dois pneus na corrida longa foram mantidos, sendo que agora serão fornecidos às equipes dois tipos de compostos, um mais duro, chamado de prime, e um mais macio, chamado de option, em uma escolha a ser feita pela Pirelli a partir dos quatro tipos de pneus, os supermacios, macios, médios e duros, em uma relação similar à da Fórmula 1.
Como sempre acontece todos os anos, teremos vários pilotos estreantes, como o brasileiro Felipe Nasr (campeão da Fórmula BMW em 2009 e da Fórmula 3 Britânica em 2011), o francês Nathanaël Berthon (vindo da Fórmula Renault 3.5 e que chegou a correr na GP2 Asia no ano passado), o britânico James Calado (que fez a Fórmula 3 Britânica em 2010 e a GP3 em 201), o italiano Fabio Onidi (vindo da Auto GP, por onde correu nos dois anos anteriores), o venezuelano Giancarlo Serenelli (que fez três temporadas de Fórmula Renault 2.0 Italiana, 2001, 2002 e 2005, e que estava há seis anos parado), o francês Tom Dillmann (que em 2011 correu na GP3 e na Fórmula 3 Europeia e Alemã, onde foi campeão em 2010), o suíço Simon Trummer (proveniente da GP3), o britânico Jon Lancaster (piloto que passou pela Fórmula Renault 3.5 em 2009 e 2010, além da Fórmula 2 e Auto GP em 2011), o holandês Nigel Melker (oriundo da GP3 e Fórmula 3 Europeia) e o indonésio Rio Haryanto (também vindo da GP3 e Auto GP).
Retornam à categoria o italiano Fabrizio Crestani, que peregrinou pela Auto GP em 2011, e o angolano Ricardo Teixeira, que fez a temporada de 2010 na Fórmula 2, passando por um ano sábatico em 2011, quando chegou a fazer testes pela antiga Lotus, atual Caterham, na Fórmula 1.
Em 2012 também teremos uma nova equipe, a italiana Lazarus GP, advinda da Auto GP, e que conta com o apoio do governo venezuelano, passando a se chamar Venezuela GP Lazarus, entrando no lugar da Super Nova, que passa por dificuldades financeiras e desistir da GP2.
Com um treino de qualificação bastante disputado, simplesmente com dezenove carros andando no mesmo segundo, o italiano Davide Valsecchi, que faz seu quinto ano na categoria, se sobressaiu e conseguiu arrebatar a primeira pole position do ano, o que o levou a sair na frente no campeonato graças à bonificação de quatro pontos.
A feature race, no entanto, foi dominada por outro veterano, o brasileiro Luiz Razia, que agora corre pela Arden, de propriedade de Christian Horner, o "manda-chuva" da equipe Red Bull. Fazendo seu quarto ano de GP2, Razia largou muito bem, assumiu a ponta logo de cara e, ao contrário do que se viu em 2011, apresentou uma condução perfeita que o levou para uma vitória merecida.
O brasileiro comemorou a sua primeira vitória em feature race e a primeira conquista desde a corrida curta em Monza no longínquo ano de 2009, dando à Arden o primeiro triunfo desde a corrida inaugural da temporada de 2010, em Barcelona.
Valsecchi, que largou muito mal, caindo da posição de honra para o quarto lugar, acabou tendo de fazer uma ligeira corrida de recuperação, passando Coletti, graças a um erro do monegasco, e Leimer para assumir a segunda colocação
ainda antes dos pits obrigatórios. O italiano ainda tentou encostar em Razia, chegando a fazer a melhor volta da prova, com o tempo de 1min49s246, à média de 182,659 km/h, mas o piloto da Arden tinha a corrida segura, pois ia à frente com grande vantagem.
Com o terceiro lugar, Max Chilton fez sua melhor apresentação na GP2, que lhe valeu o primeiro pódio tanto para ele próprio quanto para a sua equipe a Carlin, ambos fazendo em seu segundo ano, conseguindo segurar o ímpeto de Fabio Leimer nas derradeiras voltas da prova.
Já o brasileiro Felipe Nasr, apontado pela imprensa especializada como a esperança brasileira de voltar a brilhar na Fórmula 1, sentiu as dificuldades da categoria em sua estreia. Sem conhecimento nenhum da pista, e ainda por cima pouco habituado ao Dallara GP2-2011 e aos pneus Pirelli, teve apenas meia hora de treino livre e ainda sim fez o nono tempo na qualificação, a meio segundo de seu colega de time na DAMS, o pole Valsecchi. Na base da estratégia, escolhendo um melhor momento para fazer sua parada obrigatória, Nasr ganhou a posição de Calado e chegou a brigar, no fim, pelo quinto posto com Coletti, sem êxito, mas teve de se contentar com a sexta posição, sendo o melhor estreante da prova.
Por outro lado, a Venezuela foi a grande chacota da prova, não pelo time apoiado pelo governo de Hugo Chávez, mas sim em razão da incapacidade de dois dos três pilotos que estão na categoria, sendo o primeiro deles Rodolfo González, com três temporadas de GP2 "nas costas", que conseguiu acertar praticamente todos aqueles que estiveram à sua frente até que, finalmente saiu da pista sozinho na 14ª volta.
O outro, Giancarlo Serenelli, fez ainda pior. Sem um mínimo de habilidade, o piloto da Lazarus tomou mais de 2s6 do penúltimo colocado na qualificação e durante a corrida parecia estar apenas passeando, e não competindo, chegando a fazer voltas cerca de sete segundos mais lentas que o ritmo dos demais, situação que poderia ter colocado em risco aqueles que estavam na pista, mas sabe-se lá por qual motivo ele continuou na prova sem que a direção tomasse alguma providência no sentido de desclassificar o piloto. Estranho, aliás, que alguém como ele tenha obtido permissão para participar da temporada de uma categoria que tem carros equipados com motores de mais de 600 cavalos.
Para contrastar com Serenelli, a Lazarus conta com Fabrizio Crestani, piloto que deu ao time ítalo-venezuelano o seu primeiro ponto logo na corrida de estreia graças ao novo sistema de pontuação.
Marcaram pontos na primeira bateria em Sepang:
1º | Luiz Razia (BRA) | Arden |
2º | Davide Valsecchi (ITA) | DAMS |
3º | Max Chilton (GBR) | Carlin |
4º | Fabio Leimer (SUI) | Racing Engineering |
5º | Stefano Coletti (MON) | Coloni |
6º | Felipe Nasr (BRA) | DAMS |
7º | Esteban Gutiérrez (MEX) | Lotus ART |
8º | James Calado (GBR) | Lotus ART |
9º | Giedo van der Garde (HOL) | Caterham |
10º | Fabio Crestani (VEN) | Lazarus |
Com a vitória, Luiz Razia assume a liderança do campeonato de pilotos pela primeira vez na carreira, mas tem em sua cola Davide Valsecchi, que contou com a ajuda dos seis pontos de bonificação que conquistou por ter feito a pole position e a melhor volta da corrida longa.
1º | Luiz Razia | 25 |
2º | Davide Valsecchi | 24 |
3º | Max Chilton | 15 |
4º | Fabio Leimer | 12 |
5º | Stefano Coletti | 10 |
6º | Felipe Nasr | 8 |
7º | Esteban Gutiérrez | 6 |
8º | James Calado | 4 |
9º | Giedo van der Garde | 2 |
10º | Fabrizio Crestani | 1 |
A francesa DAMS, atual vice-campeã entre as equipes, assume a liderança na tabela em razão dos resultados de Valsecchi e Nar, sendo a única, à exceção da Lotus ART, a colocar seus dois carros na zona de pontuação.
1º | DAMS | 32 |
2º | Arden | 25 |
3º | Carlin | 15 |
4º | Racing Engineering | 12 |
5º | Coloni | 10 |
6º | Lotus ART | 10 |
7º | Caterham | 2 |
8º |
Lazarus
| 1 |
Para a sprint race, que acontece amanhã cerca de três horas antes do GP da Malásia de Fórmula 1, a pole fica com o britânico James Calado em razão da inversão do grid entre os oito primeiros colocados da corrida longa, fazendo com que Felipe Nasr parta da terceira posição e Luiz Razia saia do oitavo posto.
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