Em solo sulamericano aconteceu a quinta etapa do WRC, o Rally da Argentina, com as competições se iniciando no dia 26, contando com um total de dezenove estágios cronometrados, sendo apenas uma superespecial de pouco mais de seis quilômetros na noite de quinta-feira, outras cinco na sexta-feira, sete no sábado e as seis restantes no domingo, totalizando 502,73 quilômetros de competição, o mais longo percurso do calendário, ou 1.770,90 quilômetros contando os trechos de ligação.
Baseado na cidade de Villa Carlos Paz, na província de Córdoba, a cerca de 740 quilômetros a noroeste de Buenos Aires, o evento é caracterizado pelos saltos e passagens sobre água, conhecidos como watersplashes, além das paisagens arenosas, já que disputado em piso de terra, tendo como principal estágio o El Condor, em altitude elevada.
Para 2012, os organizadores novamente renovaram o percurso, deixando os antigos estágios mais curtos e técnicos, acrescentando outros com grandes retas e trechos sinuosos dentro de florestas, que muito se assemelham ao Rally de Gales.
Entre os inscritos, notou-se a ausência de Jari-Matti Latvala, que sofreu um acidente de esqui, utilizado pelo piloto como parte de seu programa de treinamentos, e fraturou a clavícula esquerda, tendo a Ford escolhido o espanhol Daniel Sordo, liberado pela Prodrive, para ocupar o lugar do jovem e azarado finlandês.
Por outro lado, o chileno Eliseo Salazar, piloto que correu na Fórmula 1 no início dos anos 1980 e ficou famoso pelos socos e pontapés que levou de Nelson Piquet após um acidente entre ambos em Hockenheim em 1982, e que desde 2009 participou de dois Rally Dakar, resolver disputar o evento argentino correndo com um Mini Cooper privado.
Na qualificação, os mais rápidos foram os pilotos oficiais da Citroën, que escolheram ser os primeiros a largar, principalmente em razão da previsão de chuva durante a madrugada.
No entanto, quem deu as cartas no início da competição foi Petter Solberg, que chegou a abrir mais de vinte segundos para Hirvonen nos três primeiros estágios até que, na SS4, o norueguês acertou um barranco que causou a quebra na coluna de direção e teve de encostar seu carro.
A liderança, então, caiu no colo de Hirvonen que, depois, a perdeu para Sébastien Loeb, o qual se recuperou de uma manhã de sexta-feira em que rodou por três vezes, situação bem incomum para o multicampeão francês.
Com Sordo sem confiança no carro, já que muito pouco acostumado com o Fiesta, a briga pela vitória ficou mesmo com o duo da Citroën, que terminou a sexta-feira com apenas um décimo de segundo separando Loeb, o líder, de Hirvonen.
Na manhã de sábado, os dois colegas de equipe começaram a alternar os melhores tempos deixando a briga interessante e, ao ver da Citroën, perigosa.
Depois de ficar sem pontuar na etapa anterior, em Portugal, e com o Rally do México de 2011 nos pensamentos, a direção da equipe francesa decidiu baixar uma ordem determinando que as posições entre seus pilotos deveria ser mantida, principalmente com a vantagem de mais de um minuto e meio para o mais próximo concorrente, que na oportunidade era Daniel Sordo.
A decisão não pegou ninguém de surpresa, pois é sabido o domínio que Sébastien Loeb exerce como primeiro piloto da Citroën, ressaltando que o único que teve a coragem de enfrentar tal condição, como foi o caso de Sébastien Ogier, foi obrigado a deixar o time.
Assim, não foi difícil para que Sébastien Loeb, agora sem pressão alguma, vencesse pela terceira vez na temporada, deixando Hirvonen na segunda colocação para trazer à Citroën a segunda dobradinha do ano.
Mais atrás, Daniel Sordo vinha tranquilo para o terceiro lugar e mais um pódio, até que a falta de sorte da Ford novamente resolveu aparecer para quebrar o alternador do carro do espanhol no início da SS19, o último estágio da competição, levando o Fiesta ao abandono e, pior, impedindo-o de marcar pontos, deixando a última vaga do pódio para Mads Ostberg.
Quem demonstrou que tinha carro para brigar pela vitória foi mesmo Petter Solberg, retornou à competição pelas regras do "super rally" e iniciou uma espetacular corrida de recuperação em que venceu nove dos últimos dez estágios, ficando invicto da SS14 até o final, chegando a ser quase um minuto mais rápido que Loeb no primeiro estágio do domingo.
O esforço do veterano norueguês foi recompensado, já que o piloto oficial da Ford conseguiu finalizar o rally na sexta posição, ultrapassando Ogier no penúltimo estágio do domingo.
De quebra, Solberg ficou com os três pontos de bonificação por ter vencido o power stage ao marcar o tempo de 2min32s9, deixando Hirvonen, que fez 2min34s0, com o segundo lugar e dois pontos extras. O catari Nasser Al-Attiyah, que terminou pela terceira vez consecutiva na zona de pontuação, surpreendeu e ficou com o terceiro lugar, cronometrando o tempo de 2min34s4, superando Loeb por dois décimos de segundo, ficando com o ponto de bonificação final.
Outra briga que chamou a atenção de todos foi aquela travada entre os pilotos oficiais da Volkswagen, Sébastien Ogier e Andreas Mikkelsen que, com seus Skoda S2000, e sem ordens de equipe, alternaram de posições por diversas vezes até que, na SS17, o jovem norueguês teve uma quebra na suspensão traseira e teve de abandonar.
De se destacar as apresentações do tcheco Martin Prokop e do belga Thierry Neuville, que com o quarto e quinto lugares, respectivamente, fizeram seus melhores resultados de suas carreiras.
Por outro lado, os brasileiros que participaram desse evento, Daniel Oliveira e Paulo Nobre, que consideram correr o Rally da Argentina como "estar em casa", não tiveram muita sorte.
Daniel Oliveira, depois de ter um problema no único estágio da quinta-feira, sofrendo uma punição de dez minutos, conseguiu se recuperar na sexta, subindo da 35ª posição para o 14º posto, chegando a figurar no 12º lugar na manhã de sábado, mas começou a perder terreno até que teve de abandonar com a suspensão dianteira e o semi-eixo quebrado.
Paulo Nobre, por sua vez, não chegou ao final de nenhum dos dias de competição. Na sexta-feira, o piloto tupiniquim acertou uma pedra ainda na SS3 e, com a suspensão quebrada, teve de encostar seu Mini. No sábado, quando ia largar para os estágios da tarde, o motor superaqueceu e a dupla resolveu abandonar para evitar uma quebra. No domingo, na primeira superespecial da tarde, a suspensão não aguentou e novamente Nobre teve de abandonar, falhando pela quarta vez consecutiva em completar um rally.
Esses foram os que marcaram pontos no Rally da Argentina:
1º | Sébastien Loeb (FRA) | Citroën DS3 |
2º | Mikko Hirvonen (FIN) | Citroën DS3 |
3º | Mads Ostberg (NOR) | Ford Fiesta (privado) |
4º | Martin Prokop (TCH) | Ford Fiesta (privado) |
5º | Thierry Neuville (BEL) | Citroën DS3 |
6º | Petter Solberg (NOR) | Ford Fiesta |
7º | Sébastien Ogier (FRA) | Skoda Fabia S2000 |
8º | Evgeny Novikov (RUS) | Ford Fiesta |
9º | Nasser Al-Attiyah (CAT) | Citroën DS3 (privado) |
10º | Ott Tänak (EST) | Ford Fiesta |
Com os problemas dos pilotos da Ford, Sébastien Loeb se recupera após abandonar em Portugal para se distanciar ainda mais na liderança, abrindo dezoito pontos de Solberg, o segundo colocado.
1º | Sébastien Loeb | 91 |
2º | Petter Solberg | 73 |
3º | Mikko Hirvonen | 70 |
4º | Mads Otsberg | 68 |
5º | Evgeny Novikov | 43 |
6º | Jari-Matti Latvala | 28 |
7º | Martin Prokop | 26 |
8º | Nasser Al-Attiyah | 23 |
9º | Daniel Sordo | 21 |
10º |
Ott Tänak
| 16 |
11º |
Sébastien Ogier
| 16 |
12º | Thierry Neuville | 14 |
13º | François Delecour | 8 |
14º | Dennis Kuipers | 8 |
15º | Armindo Araújo | 7 |
16º |
Henning Solberg
| 6 |
17º | Pierre Campana | 6 |
18º |
Patrik Sandell
| 4 |
19º | Jari Ketomaa | 2 |
20º | Ken Block | 2 |
21º | Peter van Merksteijn | 1 |
22º | Eyvind Brynildsen | 1 |
23º | Ricardo Triviño | 1 |
Com a dobradinha em solo argentino, a Citroën dispara na frente e já possui 45 pontos de frente para a Ford, que necessita se livrar da "urucubaca" urgentemente se quiser impedir mais um título da marca francesa.
1º | Citroën WRT | 151 |
2º | Ford WRT | 106 |
3º | M-Sport WRT | 81 |
4º | Qatar WRT | 37 |
5º |
Citroën Junior WRT
| 30 |
6º |
Adapta WRT
| 27 |
7º |
Mini WRC Team
| 26 |
8º | Brazil WRT | 10 |
O WRC tem uma pausa e retorna à atividade daqui a quatro semanas, com o Rally de Acrópolis, na Grécia, etapa que no ano passado foi vencida por Sébastien Ogier, pilotando um Citroën.
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