Como era esperado com o início da temporada europeia na Fórmula 1, as cartas foram novamente embaralhadas devido aos novos pacotes aerodinâmicos apresentados pelas equipes após cerca de duas semanas desde a última etapa, folga entremeada por um teste em Mugello.
Nesse aspecto, Lewis Hamilton tratou de não dar chances à concorrência no primeiro treino de qualificação em solo europeu e já na Q1 dava mostras do que esperar do campeão de 2008, quando havia sido o único a baixar para a casa de 1min22s, ou sete décimos de segundo mais rápido que qualquer outro na sessão.
Assim, não foi nenhum sobressalto o retorno, com folga de quase meio segundo em relação ao mais próximo rival, de Lewis Hamilton à pole position a bordo de sua McLaren com um novo bico e uma nova asa dianteira, peças que não foram suficientes para o colega de equipe dele, já que Jenson Button, reclamando muito de um carro traseiro, foi barrado em plena Q2.
Entretanto, o esforço de Hamilton nada valeu, já que foi desclassificado da qualificação e remetido ao fundo da grelha de partida.
Tal qual acontecera em Montreal em 2010, Hamilton, com pouco menos de um litro e meio de gasolina no tanque, foi obrigado a parar na pista após fazer sua volta rápida na Q3 ante à necessidade do regulamento de que cada carro tenha de sobra pelo menos um litro de combustível para análise.
Dessa vez, ao contrário do que aconteceu na prova canadense, o piloto da McLaren recebeu punição, já que o regulamento desportivo também determina que o carro retorne aos pits por seus próprios meios e ainda possua ao menos um litro de combustível para análise.
A punição somente seria descartada em condições de força maior, mas no caso o time deliberadamente assumiu o risco ao colocar gasolina insuficiente para volta de saída dos boxes, volta rápida e giro de retorno aos pits, situação que gerou a punição, mais uma para a carreira de Hamilton.
A despeito disso, a pole position caiu no colo Pastor Maldonado, que já era considerada a surpresa do dia ao fazer um excepcional segundo tempo na sessão, dando a Frank Williams, que recentemente completou 70 anos, um motivo a mais para comemorar naquilo que parece ser uma espécie de reação do time de Grove em relação ao que apresentou nos anos anteriores.
O piloto venezuelano, que já havia assombrado a todos ao bater na Q2 o já extraordinário tempo de Hamilton, marcou seu melhor resultado em qualificação na Fórmula 1 quando todos achavam que ele sequer tinha jogo de pneus macios novos para poder participar da última fase da sessão, se consagrando como o primeiro venezuelano a conquistar a pole position na categoria.
Correndo em casa, Fernando Alonso novamente mostrou porque é considerado por muitos o mais completo piloto atualmente ao se superar para colocar a capenga Ferrari na primeira fila, para a alegria dos espanhóis, após a punição a Hamilton.
Com o quarto lugar do rápido Romain Grosjean, que teve problemas de pressão de combustível no treino livre de sábado pela manhã e praticamente não andou, e a quinta posição de Kimi Räikkönen, as quais se transformaram em terceiro e quarto postos, respectivamente, após a desclassificação de Hamilton, a Lotus confirma a evolução que vem passando, principalmente se analisarmos que o finlandês terminou a última etapa na segunda posição depois de ter partido de um distante 11º posto.
A Sauber (agora apoiado pelo time de futebol britânico do Chelsea, cujo brasão foi disposto na carenagem dos carros suíços pela primeira vez em Barcelona, que teve sua equipe eliminada na Champions League da UEFA pelos próprios ingleses) colocou ambos seus pilotos na parte final da qualificação, com Pérez fazendo um grande trabalho para figurar na sexta posição, o que o fará largar em quinto, ao contrário de Kobayashi, que sequer pôde participar do Q3 porque encostou seu C31 ao final da Q2 por problemas mecânicos.
Além de Button, Mark Webber também não conseguiu passar para a última fase do treino, enquanto que seu colega de time na Red Bull e atual líder do campeonato, Sebastian Vettel, apesar de ido além, preferiu poupar um jogo de pneus macios novos e não marcou tempo na Q3 depois de necessitado de duas tentativas para conseguir passar pela Q2.
A decepção maior mesmo foi o desempenho dos pilotos brasileiros, principalmente se comparado com aquilo que foi conquistado por seus respectivos colegas de equipe.
Depois da empolgação de Galvão Bueno quando Felipe Massa conseguiu na Q2 chegar aos dez primeiros classificados, o piloto da Ferrari começou a cair na classificação logo que os demais começaram a melhorar seus tempos, sendo derrubado para a ridícula 17ª posição, que teve como justificativa o tráfego em sua flying lap, tenho ganho uma colocação após a punição de Hamilton.
Já Bruno Senna sequer conseguiu ultrapassar a Q1 pois cometeu um erro em sua volta rápida. No desespero, fez uma segunda tentativa com o mesmo jogo de pneus macios, mas ficou na caixa de brita depois de extrapolar o limite na curva Banc Sabadell, pegando a zebra interna, o que desequilibrou o carro, levando-o a uma rodada do tipo "fim de festa".
O indiano Narain Karthikeyan, que praticamente só conseguiu treinar no sábado por problemas em seu frágil F112, foi cerca de três segundos mais lento que o limite de 107%, mas recebeu permissão para largar porque no treino livre marcou um tempo (1min28s207) que o colocaria dentro do intervalo exigido pelo regulamento.
Esse foi o resultado do treino de qualificação:
Piloto (País) | Equipe/Motor | Q1 | Q2 | Q3 | |
dsc | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | 1min22s583 | 1min22s465 | 1min21s707 |
1º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Renault | 1min23s380 | 1min22s105 | 1min22s285 |
2º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | 1min23s276 | 1min22s862 | 1min22s302 |
3º | Romain Grosjean (SUI) | Lotus/Renault | 1min23s248 | 1min22s667 | 1min22s424 |
4º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | 1min23s406 | 1min22s856 | 1min22s487 |
5º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | 1min24s261 | 1min22s773 | 1min22s533 |
6º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | 1min23s370 | 1min22s882 | 1min23s005 |
7º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | 1min23s850 | 1min22s884 | sem tempo |
8º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes | 1min23s757 | 1min22s904 | sem tempo |
9º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | 1min23s386 | 1min22s897 | sem tempo |
10º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | 1min23s510 | 1min22s944 | |
11º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | 1min23s592 | 1min22s977 | |
12º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | 1min23s852 | 1min23s125 | |
13º | Nico Hülkenberg (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | 1min23s720 | 1min23s177 | |
14º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | 1min24s362 | 1min23s265 | |
15º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferrari | 1min23s906 | 1min23s442 | |
16º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | 1min23s886 | 1min23s444 | |
17º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | 1min24s981 | ||
18º | Vitaly Petrov (RUS) | Caterham/Renault | 1min24s277 | ||
19º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | 1min25s507 | ||
20º | Charles Pic (BEL) | Marussia/Cosworth | 1min26s582 | ||
21º | Timo Glock | Marussia/Cosworth | 1min27s032 | ||
22º | Pedro de la Rosa (ESP) | HRT/Cosworth | 1min27s555 | ||
Narain Karthikeyan (IND) | HRT/Cosworth | 1min31s122 | |||
107% (tempo de corte) | 1min28s363 |
Depois de ser duramente criticada por Michael Schumacher, que considera um absurdo não poder atingir os limites do carro para evitar o desgaste excessivo dos pneus, os compostos da Pirelli novamente serão os grandes responsáveis para um bom resultado na corrida.
Por esse motivo, coloco ambos os carros da Lotus como favoritos à vitória, principalmente porque os E20 vão muito bem em ritmo de corrida, conforme provou Räikkönen no Bahrein, não sendo nenhuma surpresa se tivermos a quinta vitória de um piloto e uma equipe diferentes em 2012.
Já Pastor Maldonado, se quiser atingir o pódio pela primeira vez, terá de segurar seu ímpeto, ainda mais na largada, momento propício para "atirar tudo pela janela" já na primeira curva, que deverá disputar com Alonso, depois de um longo trecho em reta.
Apesar de ter ficado em terceiro na qualificação, Fernando Alonso corre por fora, mas poderá ser beneficiado pelo fato de correr em casa, razão pela qual o espanhol não poderá ser descartado como candidato à vitória.
A dúvida mais importante, entretanto, é saber quando aparecerá a chuva que está prevista para cair amanhã, se antes, durante ou depois da corrida.
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