Obstinado a obter uma vitória em seu próprio solo, algo que não faz desde 2006, ano do seu último título quando ainda pilotava para a Renault, Alonso deixou passar a oportunidade em Barcelona, onde liderou o começo da prova, mas foi batido por Maldonado, a surpresa daquele dia, que se impôs sobre o piloto da Ferrari.
Em Valência, a surpresa era ele próprio, largando de um distante 11º posto, porém Alonso não deixou escapar a chance que o destino e a sorte lhe colocaram à sua frente, mas que ele somente pôde usufruir em razão do seu grande talento e genialidade que o puseram em posição para aproveitar os infortúnios alheios para poder comemorar sua primeira vitória em solo espanhol pilotando uma Ferrari.
A felicidade de Alonso em alcançar este feito ficou patente na comemoração efusiva que o fez até parar seu carro para tentar pegar uma bandeira espanhola, bem como na emoção evidente que o levou às lágrimas no pódio, algo raro nele, que é conhecido por fazer outros tipos de "choro".
Com uma excelente largada em que ele conseguiu ganhar três posições, algo difícil numa pista como a de Valência, Alonso imprimiu um início da prova bastante agressivo, conseguindo se livrar de Hülkenberg na volta 12 na curva 13, passando por Maldonado um giro mais tarde na freada da curva 12.
Ao sair dos boxes para o segundo stint, Alonso ultrapassou Webber e Senna, que ainda não haviam parado e já apresentavam desgaste de pneus, na volta 18, e Schumacher na volta 19, superando Di Resta três passagens depois.
Depois de uma extensa intervenção do safety car para limpeza da pista dos destroços deixados pelos carros de Vergne e de Kovalainen, que se tocaram, Alonso tirou vantagem da inexperiência de Grosjean para encostar e passar o franco-suíço em uma bela manobra por fora na curva 2, mergulhando seu carro na curva com fé no próprio talento.
Então, a sorte do espanhol, que já havia aparecido quando saiu dos boxes à frente de Hamilton quando ambos pararam juntos para a segunda troca de pneus, em mais um erro de pit stop da equipe McLaren, falou mais alto, mas é bom que se diga que ele só pode aproveitar porque estava no lugar e hora certas em razão da própria capacidade de pilotagem.
Em segundo lugar, Alonso herdou a ponta quando o Red Bull de Sebastian Vettel, que liderava tranquilo, tendo aberto grande diferença frente aos demais antes do período do carro de segurança, inexplicavelmente diminuiu a velocidade, obrigando o atual bicampeão a encostar, tendo sido verificada pelo time que o abandono foi causado por uma falha no alternador.
Por coincidência, o mesmo defeito de alternador acometeu Grosjean, que certamente daria muito trabalho ao espanhol ao final da prova, quando o desgaste de pneus da Ferrari seria algo a ser considerado, como se viu no Canadá, o que obrigou ao franco-suíço a também abandonar a prova.
Assim, o caminho de Alonso para a vitória ficou aberto, já que ao final, Lewis Hamilton, que vinha em segundo lugar, teve graves problemas de pneus, sendo presa fácil para Räikkönen e para Maldonado, que tocou o carro do britânico ao teve paciência para aguardar um melhor momento, causando o abandono de Hamilton e a perda da asa dianteira no FW34, ensejando uma punição sobre o venezuelano, que ainda havia conseguido chegar em décimo, com o acréscimo de vinte segundos sobre o seu tempo final.
Nesse incidente Hamilton também teve sua parcela de culpa ao querer defender uma posição que evidentemente perdida face ao acentuado desgaste de seus pneus com unhas e dentes. Se tivesse mais cabeça, pensaria no campeonato como Alonso fez no Canadá.
O grande número de abandonos com os pilotos considerados do pelotão da frente, como Vettel, Grosjean, Hamilton, além do problema enfrentado por Maldonado e por outros, abriu caminho para o tão esperado primeiro pódio de Michael Schumacher, que aguentou forte pressão de Webber ao final, em seu retorno à Fórmula 1 após ter se aposentado ao final de 2006, justamente agora em que os boatos indicam que a Mercedes parece não ter interesse em renovar com o multicampeão para 2013.
Mark Webber, aliás, fez grande corrida considerando que partiu da longínqua 19ª posição devido aos problemas que enfrentou na qualificação com o DRS, terminando a prova num honrado quarto lugar que agora o coloca à frente do seu colega de equipe na tabela do campeonato.
Quem estava no meio desse grupo, ensanduichado por Schumacher e Webber, era justamente Bruno Senna, que acabou sendo vítima da precipitação de Kamui Kobayashi e foi tocado pelo japonês quando este viu uma brecha que não existia quando o brasileiro foi ultrapassado por Räikkönen pouco antes da curva 7.
O toque era inevitável e levou o piloto da Williams a uma rodada e também a um pneu furado, perdendo muito tempo para chegar aos boxes.
Para a surpresa de todos, foi Bruno Senna o punido com um drive through por ter sido considerado culpado pelo incidente, algo que somente pode ser explicado pelo fato de que o piloto convidado da vez como comissário ter sido Mika Salo, o qual tem seu conterrâneo protegido na própria Williams, Valtteri Bottas e vem fazendo um forte lobby para que o time de Grove dê um cockpit titular ao jovem finlandês no lugar do brasileiro.
Se não fosse esse problema com o japonês da Sauber, Senna certamente teria um resultado melhor do que o décimo lugar, conquistado após a punição imposta a Pastor Maldonado, no mínimo brigando pela quinta ou sexta posição.
Esse, aliás, não foi a única besteira que Kobayashi aprontou, já que na relargada acertou o carro de Massa na saída da curva 10, acabando com a corrida do brasileiro e dele próprio, pois teve de abandonar com problemas na suspensão e ainda carregará para Silverstone uma punição consistente na perda de dez posições no grid de largada.
A Force India finalmente conseguiu fazer valer ter seus dois carros na Q3 para pontuar, e bem, com ambos os seus pilotos, tendo colocado Hülkenberg em quinto, seu melhor resultado na Fórmula 1, e Di Resta em sétimo após conseguir conduzir a prova inteira com apenas uma troca de pneus.
Essa foi a classificação final do GP da Europa:
1º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | 57 voltas em 1h44min16s649 |
2º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | a 06s421 |
3º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes | a 12s639 |
4º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 13s628 |
5º | Nico Hülkenberg (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 19s993 |
6º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | a 21s176 |
7º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 22s866 |
8º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 24s653 |
9º | Sergio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 27s777 |
10º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | a 35s961 |
11º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferari | a 37s041 |
12º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Renault | a 34s630* punido +20s |
13º | Vitaly Petrov (RUS) | Caterham/Renault | a 1min15s871 |
14º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | a 1min34s654 |
15º | Charles Pic (FRA) | Marussia/Cosworth | a 1min36s551 |
16º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 1 volta |
17º | Pedro de la Rosa (ESP) | HRT/Cosworth | a 1 volta |
18º | Narain Karthikeyan (IND) | HRT/Cosworth | a 1 volta |
19º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 2 voltas/acidente |
Tendo sido o primeiro a repetir uma vitória em 2012, Alonso se aproveita dos problemas enfrentados por seus mais fortes rivais para disparar na liderança, abrindo agora 20 pontos de Webber, que assume a segunda posição, 23 pontos de Hamilton 26 de Vettel.
1º | Fernando Alonso | 111 |
2º | Mark Webber | 91 |
3º | Lewis Hamilton | 88 |
4º |
Sebastian Vettel
| 85 |
5º | Nico Rosberg | 75 |
6º | Kimi Räikkönen | 73 |
7º | Romain Grosjean | 53 |
8º | Jenson Button | 49 |
9º | Sérgio Pérez | 39 |
10º | Pastor Maldonado | 29 |
11º | Paul di Resta | 27 |
12º |
Kamui Kobayashi
| 21 |
13º | Michael Schumacher | 17 |
14º | Nico Hülkenberg | 17 |
15º |
Bruno Senna
| 16 |
16º | Felipe Massa | 11 |
17º | Jean-Éric Vergne | 4 |
18º | Daniel Ricciardo | 2 |
Mesmo com a vitória, a Ferrari não conseguiu superar a Lotus no Campeonato de Construtores que tem a Red Bull disparada na frente, tendo 39 pontos de vantagem para a McLaren, que pontuou em Valência apenas com o discreto oitavo lugar de Jenson Button.
1º | Red Bull | 176 |
2º | McLaren | 137 |
3º | Lotus | 126 |
4º | Ferrari | 122 |
5º | Mercedes | 92 |
6º | Sauber | 60 |
7º | Williams | 45 |
8º | Force India | 44 |
9º | Toro Rosso | 6 |
O próximo compromisso da Fórmula 1 acontece em duas semanas, com o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, local da única vitória de Alonso e da Ferrari na temporada de 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário