Ao liderar todos os treinos livres da sexta-feira, esperava-se que Lewis Hamilton confirmasse a velocidade da McLaren na qualificação e retornasse à pole position, local que não frequenta desde o GP da Malásia no início do ano.
Entretanto, no sábado Sebastian Vettel começou a mostrar a que veio, marcando logo no primeiro e único treino livre do dia o melhor tempo para depois, na qualificação, ficar com o primeiro posto em todas as três partes da sessão, o que o levou à segunda pole position da temporada.
O resultado, claro, veio em boa hora e serviu para calar os críticos e rivais que vinham dizendo que a vitória em Mônaco somente foi conseguida devido ao polêmico assoalho com pequenos "buracos" próximos às rodas traseiras, peça que foi considerada ilegal pela FIA na semana passada ao responder o pedido das equipes de clarificação do regulamento, em que pese inexistir após a corrida em Monte Carlo nenhum protesto formal de qualquer uma das escuderias.
Com isso, a Red Bull foi obrigada a levar ao Canadá um novo assoalho que, segundo a equipe austríaca, já era previsto para ser usado antes mesmo da instrução da FIA a respeito dos "buracos" peça anterior, o que eu duvido muito.
Lewis Hamilton, então, teve de se conformar com a segunda posição no grid de largada, fazendo da primeira fila a mesma formação que se deu no GP do Bahrein, vencido pelo atual bicampeão.
Aquilo conquistado por Lewis Hamilton reflete o paradoxo que vive atualmente a equipe McLaren, já que Jenson Button parece que, depois da vitória conquistada na prova inaugural do campeonato, não vem falando a mesma língua do seu MP4-27, ficando, inclusive, de fora da Q3 nas duas últimas etapas.
No Canadá, o campeão de 2009 não parecia aquele piloto de tocada suave que sempre foi, travando seus pneus praticamente a todo momento nas freadas mais bruscas do traçado, o que mostra o total desequilíbrio em seu acerto e que quase o levou a ficar fora novamente na última fase da qualificação, razão pela qual optou para ir à pista no Q3 com os pneus de faixa amarela, em uma atitude até estranha, pois se era para ficar com o último tempo da sessão, entendo que ele não deveria sequer ter tirado seu carro dos boxes, o que o faria poupar seus pneus e o permitiria postergar ao máximo sua parada, imitando a estratégia adotada por Sebastian Vettel em Mônaco.
Já a Ferrari, pelo menos quando equipada com os dois compostos mais macios da Pirelli, parece ter reencontrado o caminho, o que pode ser comprovado pelo bom desempenho de seus pilotos na qualificação, com Alonso em terceiro e Massa, em sua melhor sessão do ano em treinos que definem o grid de largada, com o sexto posto, justamente em uma pista em que a tração e a velocidade de ponta são essenciais, justamente as coisas que o F2012 apresenta como principais deficiências.
Depois de um começo fulgurante, a Lotus começa a andar para trás, repetindo o script que desempenhou em 2011, com Räikkönen, pela segunda vez no ano sendo eliminado na Q2, deixando o caminho aberto para que seu jovem companheiro de equipe, Romain Grosjean, pela quarta oportunidade consecutiva, terminasse o treino à frente do campeão de 2007, restando saber se o franco-suíço conseguirá passar incólume pelas voltas iniciais da prova.
Outra decepção do treino foi a equipe Mercedes, cujos pilotos chegaram a Montreal de cabeça erguida e "falando grosso", principalmente Michael Schumacher, que disse no meio da semana que nunca esteve tão próximo da primeira vitória em seu retorno pós-aposentadoria, situação que contrasta com o conquistado em pista, já que Rosberg não fez mais do que o quinto tempo e Michael Schumacher ficou apenas com a nona colocação, sendo o mais lento na Q3 entre aqueles com os pneus super-macios, de faixa vermelha.
Entre os demais, grande treino de Paul di Resta, que conseguiu colocar seu Force India na última parte da qualificação pela segunda vez na temporada, ficando com o oitavo lugar, suplantando o seu melhor resultado até então, a décima posição em Sakhir.
Com uma asa traseira nova, desenhada especialmente para a pista de Montreal, era também esperado que a Williams colocasse ao menos Pastor Maldonado na Q3, algo que o venezuelano ia conseguindo na sua última volta durante a Q2, mas exagerou na chicane final e acertou os pneus no "Muro dos Campeões", frustrando as expectativas do staff do time de Grove.
Esse foi o resultado do treino de qualificação:
Piloto (País) | Equipe/Motor | Q1 | Q2 | Q3 | |
1º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | 1min14s661 | 1min14s187 | 1min13s784 |
2º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | 1min14s891 | 1min14s371 | 1min14s087 |
3º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | 1min14s916 | 1min14s314 | 1min14s151 |
4º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | 1min14s956 | 1min14s479 | 1min14s346 |
5º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | 1min15s098 | 1min14s568 | 1min14s411 |
6º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | 1min15s194 | 1min14s641 | 1min14s465 |
7º | Romain Grosjean (SUI) | Lotus/Renault | 1min15s163 | 1min14s627 | 1min14s645 |
8º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | 1min15s019 | 1min14s639 | 1min14s705 |
9º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes | 1min14s892 | 1min14s480 | 1min14s812 |
10º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | 1min14s799 | 1min14s680 | 1min15s182 |
11º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | 1min15s101 | 1min14s688 | |
12º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | 1min14s995 | 1min14s734 | |
13º | Nico Hülkenberg (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | 1min15s106 | 1min14s748 | |
14º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferrari | 1min15s552 | 1min15s078 | |
15º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | 1min15s326 | 1min15s156 | |
16º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | 1min14s995 | 1min15s170 | |
17º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Renault | 1min14s979 | 1min15s231 | |
18º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | 1min16s263 | ||
19º | Vitaly Petrov (RUS) | Caterham/Renault | 1min16s482 | ||
20º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | 1min16s602 | ||
21º | Pedro de la Rosa (ESP) | HRT/Cosworth | 1min17s492 | ||
22º | Timo Glock (ALE) | Marussia/Cosworth | 1min17s901 | ||
23º | Charles Pic (FRA) | Marussia/Cosworth | 1min18s255 | ||
24º | Narain Karthikeyan (IND) | HRT/Cosworth | 1min18s330 | ||
107% (tempo de corte) | 1min19s887 |
Essa Fórmula 1 de 2012 é realmente um marco na história da categoria e promoveu em Montreal outra qualificação apertada, pois tivemos uma Q1 onde todos os carros classificados para a segunda parte do treino dentro do mesmo segundo, ainda que considerarmos que alguns pilotos estavam utilizando os pneus macios e outros equipados com os pneus super-macios.
Já na Q2, com todos andando com os compostos de faixa vermelha, a situação foi idêntica a da sessão anterior, com todos os dezessete carros na tábua de classificação dentro da faixa de um segundo, o que ensejou a briga por milésimos de segundo que separou aqueles que se classificaram para a Q3 e aqueles que foram nocauteados.
Assim, o tempo conquistado por Vettel na última fase do treino, o único abaixo da casa de 1min14s, realmente destoou do que se viu durante todo o fim de semana, enfiando três décimos de segundo em Hamilton, o segundo colocado.
Por este motivo, Sebastian Vettel, se souber lidar com o desgaste de pneus, é o grande favorito à vitória no Canadá e a encerrar a diversidade de ganhadores em 2012, ainda que Hamilton e Alonso ainda estejam no páreo, tornando-os adversários duros para a confirmação desse favoritismo pelo piloto da Red Bull.
Mesmo sem a previsão de chuva, a corrida de amanhã promete ser épica, já que o circuito Gilles Villeneuve, ao contrário de Monte Carlo, propicia oportunidades de ultrapassagens, e é imperdível àqueles que amam o automobilismo.
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